A conexão biológica entre o estresse e a obesidade tem sido observada, pois durante os
períodos de alta ansiedade e estresse, as pessoas geralmente desejam por “alimentos
confortantes”, geralmente ricos em gordura e/ou açúcar.
Pesquisadores descobriram que alguns hormônios específicos podem desempenhar um papel significativo neste processo: o estresse tem sido associado a mudanças bioquímicas que podem desencadear desejos, que levam a excessos e, finalmente, resultam em obesidade.
Reações bioquímicas específicas ajudam a explicar essa correlação: quando buscamos
alimentos confortantes durante períodos estressantes, muitas vezes é uma tentativa de auto-ajuda, pois os carboidratos elevam os níveis de serotonina do corpo, a substância química da sensação "bem-estar".
Pesquisadores também descobriram que o estresse crônico pode fazer com que o corpo liberte o cortisol, um hormônio crítico no gerenciamento do armazenamento de gordura. Sabe-se que o cortisol aumenta o apetite e pode estimular o desejo por alimentos açucarados e gordurosos.
Estudos apontam que na presença de insulina (carboidratos refinados), o cortisol elevado promove o acúmulo de gordura visceral, o que resulta em aumento da gordura abdominal.
Estudos mais recentes sugerem que nossos corpos processam alimentos de maneira diferente quando sob estresse. Um estudo descobriu que ratos de laboratório, quando alimentados com uma dieta rica em gordura e açúcar, ganharam quantidades significativas de gordura corporal quando colocados sob condições estressantes. Por outro lado, os ratos alimentados com uma dieta normal não ganharam tanto peso, apesar de serem colocados sob condições estressantes.
Os pesquisadores associaram esse fenômeno à molécula neuropeptídeo Y, que é liberada das células nervosas durante o estresse e estimula o aumento da fome e diminue o gasto energético, facilitando o acúmulo de gordura. Dietas ricas em gordura e açúcar parecem acelerar ainda mais a liberação do neuropeptídeo Y, criando um ciclo vicioso.
Entender melhor os fatores que estão por trás do ganho de peso e estresse, podem ajudar a lidar com a epidemia global de obesidade. Embora o estresse seja uma parte inevitável da vida, não precisa necessariamente levar ao ganho de peso, dessa forma uma dieta bem equilibradas nos nutrientes que evita fome, bem como auto-conhecimento para saber lidar com o estresse pode evitar o ganhar peso em tempos mais difíceis.
Referências
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3.Jackson SE, Kirschbaum C, Steptoe A. Hair cortisol and adiposity in a population‐based sample of 2,527 men and women aged 54 to 87 years. Obesity (Silver Spring, Md). 2017.
4.Wurtman JJ. The involvement of brain serotonin in excessive carbohydrate snacking by obese carbohydrate cravers. J. Am. Diet. Assoc. 1984.
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